terça-feira, 4 de novembro de 2008

Borboleta

Sigo pulando de pedra em pedra.
Embaixo, correm águas, horas calmas, horas perigosas.
A neblina de um eterno amanhecer
não me permite ver mais que cinco palmos à minha frente,
Vejo apenas o suficiente para não cair.

Vez ou outra, encontro um galho, uma flor,
uma esperança de vida nessa trilha incerta.

Cada pedra que eu deixo
vai aos poucos sendo encoberta pela água,
e a velocidade da enchente segue o ritmo
dos meus próprios saltos.

Paro.
O ar que inspiro é urgente e preciso.
Uma flor passa rápida com a correnteza.
Outra, e outra.
Flores roxas e sozinhas.

O barulho, tão intenso das águas,
vira silêncio.

Continuo.
As pedras parecem ficar cada vez mais espaçadas.
Atrás de mim, a água vem cobrindo tudo...




(sem sentir)

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