quinta-feira, 3 de junho de 2010

cartas derramadas 1

Olá. Isso é para dizer tudo aquilo que não te posso.
Como hoje, um dia sem você, inteiro, sem sentir sua presença sequer distante. Não senti-la.
Sinto que qualquer passo próximo pode ser a loucura se aproximando, me tirando mais de mim.
Onde você está? O que estará sentindo?
Estará me sentindo?
Te amo.

domingo, 11 de janeiro de 2009

Eu me recuso!
Pelo menos a minha PLATÉIA não vai perder o a(s)cento!

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Verde-água

Pareço recuperar-me de minha loucura.
Finalmente o verde e o marrom parecem diferentes...

Também o roxo e o azul,
apesar de semelhantes, já têm também suas sutilezas.

O cinza e o rosa estão mais distantes.

O vermelho é que continua o mesmo...

Abismo

Ontem eu estava diante do velho abismo,
aqui, no último piso...
a cidade inteira iluminada.
A chuva fina, umidecendo meu rosto,
criava uma fina camada de ilusão.

O vento me despenteava os cabelos.
A velha música não se fez ouvir.
Era tudo silêncio.

Balancei-me com a brisa,
quis voar mais uma vez...

O medo de pular me deixou há muito,
em inúmeros os saltos
que dali mesmo outrora dei.


Ainda me sentia livre.
Esperei que a ventania aumentasse,
na esperança de que me puxasse,
poupando-me do esforço de me soltar.

Meus cabelos continuavam a dançar,
a mesma chuva...


Balancei-me mais um pouco.
Dei as costas à cidade.
Caminhei, sem olhar pra trás...

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Não é por você que choro,
é por mim.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Asas

O sol se faz penumbra.
O que entra pela janela é só resto de um dia,
desse dia em que corto minhas asas
para nunca mais voar.

Tinha pressa de chegar,
esgotei todas as forças e ameacei cair várias vezes.
Meus pés formigavam,
minha boca seca, os olhos entreabertos
tentando reconhecer os lugares por onde passava.

Num desses descontroles toquei o chão.
O suor que de mim derramava caía forte na terra seca,
era dela uma esperança falsa, salobra,
condenando-a mais ainda em sua esterilidade.
Continuei.

Aqui estou.
Tiro da parede a espada.
Abro minhas asas.

Suspiro.
Com um só golpe, estilhaço-me a esquerda.
Minha dor já era tamanha que essa passa quase despercebida.
Corto a outra.

Entrego-me ao chão, junto a minhas asas.
Escorre-me uma última lágrima.

Como voar sem essas asas?
Com o sangue ainda a jorrar,
aos poucos, vou me levantando.

Do sol, só resta uma lembrança...



(sem saída)

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Borboleta

Sigo pulando de pedra em pedra.
Embaixo, correm águas, horas calmas, horas perigosas.
A neblina de um eterno amanhecer
não me permite ver mais que cinco palmos à minha frente,
Vejo apenas o suficiente para não cair.

Vez ou outra, encontro um galho, uma flor,
uma esperança de vida nessa trilha incerta.

Cada pedra que eu deixo
vai aos poucos sendo encoberta pela água,
e a velocidade da enchente segue o ritmo
dos meus próprios saltos.

Paro.
O ar que inspiro é urgente e preciso.
Uma flor passa rápida com a correnteza.
Outra, e outra.
Flores roxas e sozinhas.

O barulho, tão intenso das águas,
vira silêncio.

Continuo.
As pedras parecem ficar cada vez mais espaçadas.
Atrás de mim, a água vem cobrindo tudo...




(sem sentir)